A melhor forma de entender um povo é olhar para a cultura dele. E no caso do Brasil, um exemplo clássico disso é a música nordestina, diversificada e representativa de diferentes origens que compõem a Região Nordeste.
Considerado ritmo musical simples, sem muito refinamento, formado por pouco instrumentos e com raízes rurais, o forró também alcançou predomínio no mercado cultural quando esse ritmo se popularizou nos espaços das cidades nordestinas. E apesar das tensões sociais devido às reações contrárias a essa música popular, o forróque é uma expressão artística genuinamente nordestina,conquistava o público nacional.
Ainda no caso do nordeste, e em especial na cidade de Campina Grande, enquanto esses notáveis populares ganhavam espaço nacional, difundindo em maior proporção a música nordestina, forrozeiros locais aproveitavam dessa boa aceitação do público para divulgar sua arte em ambientes mais luxuosos da cidade, como também, passavam a ser venerados pela camada social mais alta como ritmo contagiante e atraente.
Entretanto, de uns tempos para cá, o processo de maior aparição de estilos musicais nesses eventos juninos, estão, cada vez mais, se misturando, e a música sertaneja tomou praticamente o espaço do forró, apesar deste ser um gênero, e aquele um estilo.
Nem mesmo no período das festas juninas o mercado forrozeiro consegue superar a música sertaneja, em razão do gosto musical do brasileiro ter mudado muito nos últimos dez anos, e por se tratar de um período importante para a indústria da música, que passou por muitas transmutações como os investimentos em tecnologia e a forma de consumo.
Foi-se o tempo em que os artistas forrozeiros regionais tinham seus lugares nos palcos, apesar de terem elevado o São João de Campina Grande ao patamar que hoje se encontra.
Mas o incrível é que não ouvimos nenhum grito de indignação desses artistas de forma constante, há não serem Pernambuco onde alguns músicos de forró lançaram por meio das redes sociais uma campanha sobre o desconforto de sentir a vertente musical ser substituída por outro estilo, através da tag #DevolvaMeuSaoJoao, e agora, o desabafo doCantor Flávio José que, de forma implícita exigiu e defendeu uma manifestação cultural para valorizar os forrozeiros, ao fazer um desabafo após ter o horário de apresentação reduzido, no São João de Campina Grande.
O artista aolamentar a redução de show em Campina Grande ainda disse mais: “coisas que a música nordestina sofre”.
Lamentavelmente, há uma flagrante queda na produção da música nordestina, e muitos artistas populares defensores dessa música, foram esquecidos pelos meios de comunicação e pelasfestas inventadas.
E o genuíno forró está sendo ignorado, a exemplo do plangente evento ocorrido em Campina Grande que cortou o show de Flávio José para antecipar o de um Gustavo Lima.
João Pessoa, junho de 2023.
Por Demetrius Fastino